domingo, 25 de maio de 2008

Apelidos carinhosos



Chego aos trinta com pouca experiência em relacionamentos sérios. Só tive um namorado que teve este título. Os homens da minha vida sempre estiveram presentes como amigos coloridos. Levantei esta bandeira (e acho que ainda a carrego) por todo o colegial e pela faculdade. Acho que por isto, ganhei muito em alguns pontos e perdi em outros.

Ganhei porque desenvolvo rápido uma intimidade e uma cumplicidade com meus companheiros. E perco logo inibições e máscaras, jogando limpo na relação. Perdi porque não sei jogar o jogo feminino.
Claro que alguns destes jogos estão inclusos no DNA, não dá para fugir de um charminho ou um beicinho de vez enquando.

Mas não sei chamar ninguém de "meu amorzinho", "benzinho" ou "nenezinho". Os diminutivos estão fora da minha vida. Comecei a achar que era isto que interferia nos meus relacionamentos. Que eu não tratava o outro com carinho e dengo, mas sempre como um cara bacana. E parando para analisar, descobri que não é uma coisa minha, mas a cultura em que fui criada. Não me lembro da minha minha mãe ou meu pai se tratarem por apelidos ou diminutivos como "amorzinho". E não que não fossem carinhosos um com o outro. Só não existia o apelido.


Meus irmãos, que ao contrário de mim, assumiram relacionamentos sérios e duradouros, também não tratam suas namoradas e namorados com apelidos diminutivos. Descobri então que não é um "defeito" meu, mas uma cultura de família. Até mesmo meus avós, só vi algumas vezes minha avó chamar meu vô de "Tinho", diminutivo de Walter.


Aí, desencanei.


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