quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Mãe, filho e visão profissional




As crônicas mais lidas, comentadas e acessadas do meu blog são, quase sempre, as que falam das minhas conversas edificantes com o Ian, meu filho, com agora nove anos. Descobri também, ao reler vários textos, que pelo blog dá para traçar uma boa trajetória de vida da criança com quem divido meus dias, alegrias e tropeços. Escrevo historietas sobre ele desde que tinha 4 anos. Um dia, seleciono todas e entrego a ele como um pequeno livro de memórias, para ele se lembrar de si mesmo quando criança.

Mas enfim, não era disto que eu queria falar, não. O assunto é mais uma das tiradas do Ian que fez agora um quadro geral meu como mãe, amiga e profissional.

Todos os dias quando acordamos, ligamos a TV e eu fico ouvindo as notícias enquanto faço o café da manhã, arrumo o lanche e grito para o Ian tomar banho, vestir uniforme, conferir material na mochila, enfim, aquela rotina de 90% das mães.

Esta manhã, depois de uma matéria sobre desaparecimentos, uma nota sobre mãos decepadas e outra de assassinato, Ian desligou a televisão. Protestei logo:

- Ei, que falta de educação é esta?! Eu estava ouvindo as notícias!

- Mamãe, não aguento mais violência! Não tem nenhuma notícia falando sobre um parque novo na cidade, um museu que inauguraram, uma praça reformada em que colocaram balanços e brinquedos?

- Parece que não, né?

Confesso que também já estou saturada com este tipo de notícia. Vou confessar outra coisa: acho que prefiro saber da Luiza, que voltou do Canadá. Porque matérias policiais, a meu ver, em grande quantidade, incentivam ainda mais a violência. Ainda mais quando só se mostram os crimes e pouco de solução, dando aquela sensação grande de insegurança e impunidade. Foi daí que Ian me mostrou que ele entende perfeitamente a natureza da minha profissão:

- Pois então, não vamos mais assistir jornais. Vamos nós mesmos procurar só notícias boas. Afinal, você não é jornalista?