quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A Super Nany não virá me ajudar


Tem muito tempo que eu não assisto ao programa Super Nany, mas tem um tarefa que ela propõe às famílias e que eu queria repetir em casa. Criar a famosa rotina. Mas nunca dá certo. Queria mesmo ver a Super Nany vir ao Tocantins para montar uma rotina para uma mãe solteira, jornalista.


Tem dia que dá para almoçar em casa, tem dia que não dá. Tem dia que eu viajo de madrugada e só volto à noite. E nada é previsível. Não tem como eu dizer na quinta-feira que vem não vou almoçar em casa. Muitas vezes ficamos sabendo da pauta em cima do horário. Aí, é uma correria geral para achar alguém para buscar menino na escola, onde ele vai almoçar, quem o levará para a escola de atividades infantis que o mantém ocupado à tarde enquanto eu ralo. E, caso eu tenha que dormir fora de casa, piora. Na verdade, a rotina dele é quase tão louca quanto a minha. E para mudar isto, só mudando de profissão.


Segundo um amigo meu, a Super Nany nunca viria me ajudar. Mas não por causa de morar no Tocantins e nunca ter me inscrito no programa, mas por eu não ter uma família padrão. Os métodos dela foram desenvolvidos para só funcionar em uma família com núcleo Pai/Mãe. Reparem aí que ela nunca foi ajudar uma mãe ou pai solteiros ou viúvos.


Isto me fez refletir sobre as novas famílias e o quão os educadores estão despreparados para elas. Comemorações de dia das mães e dia dos pais estão um tanto obsoletas. E não só para os pais/mães solteiros, viúvos, como as divorciadas e nem vou entrar muito no mérito de muitas lésbicas que tem filhos e parceiras. Concordo que a grande maioria das famílias ainda é composta de mãe e pai, mas não dá para tapar o sol com a peneira e negar que isto está mudando. E mudando rápido. Acho que a solução não é igual a das igrejas evangélicas que querem transformar as famílias para que estas se adaptem ao sistema. Está chegando a hora que o sistema vai ter que se adaptar às novas famílias.


Mães solteiras e viúvas existem a muito tempo. Não são novidade. Mas as solteiras eram escondidas e discriminadas. E as viúvas, como vítimas de uma tragédia, amparadas pela família e logo eram casadas de novo, para que não ficassem sozinhas.


Hoje, não. Existem mães solteiras por opção, felizes com a sua produção independente e viúvas que conseguem viver bem, se manter sozinhas sem ter um homem que as ampare.


Uma outra amiga, também mãe solteira, disse que tem o maior cuidado com o filho na escola, que ele tem que ser o mais esforçado, o mais disciplinado, porque caso ele e outra criança saiam da linha, com certeza o filho dela vai ser apontado como o errado, porque veio de uma família desestruturada. Ao meu ver, isto é discriminação. Pode até ser que uma criança que pertence a uma nova família tenha um comportamento diferente, mas os educadores deveriam ter uma forma melhor de trabalhar com isto do que simplesmente apontar que a família está errada, porque a família está mudando.


Acho que vou ali, no site da super Nany fazer um teste. Quem sabe se me inscrever, ela aceite o desafio?

6 comentários:

Yurika disse...

Oi Fá! Bacana seu texto.
Mas te garanto, já existem escolas preocupadas com essa nova estrutura, ao menos aqui em Barreiras, que é bem próximo do cú do mundo, algumas escolas particulares e da rede municipal já começaram a se adaptar a essa nova estrutura familiar. As datas comemorativas, por exemplo, como dia dos pais e mães passaram a ser uma só "O Dia da Família", independente de como seja essa família: tios-avós, pais-avós, mães solteiras, pais solteiros, etc. Na escolinha do Gui, que é particular todos vamos ao "O Dia da Família", minha irmã, meu cunhado, meu sobrinho, meu pai, minha mãe, a esposa dele, a enteada do meu pai e esse ano o Alex tbm foi. Sinto que todos na escolinha do Gui são bem inteirados dessas transformações na estrutura familiar, acho que a situação familiar do Gui, que não é nada convencional, foi muito bem recebida na escola, ele sempre falou confortavelmente dos “dois pais”, dos meios irmãos, do irmão Ian e de todo mundo que ele considera “família”. Sugestão: talvez uma conversa entre pais interessados e o pessoal da escola possa ajudar. Boa sorte!

Talita disse...

Oi Rafa, você tem toda razão! O conceito de família "Doriana" já não é mais a unica forma de família. Aliás, acredito que uma família feliz (seja ela qual for)é muito mais capaz de criar filhos "ajustados" do que a velha família papai/mamãe/filhinhos em que não haja respeito ou amor entre seus membros.

Sambalelê disse...

Oi Rafa, muito legal a reflexão sobre a nova reestrututração da família!!!
Acho que apesar da notável modernidade a responsabilidade com o cuidado com os filhos é deixada quase que inteiramente para as mães, o que é muito ruim.
Tenho muitos amigos com filhos, mas são pouco que vejo faltando a trabalho pq tem que ficar com o filho doente ou atender um emergência. Não é defendendo a "classe" não acredito as mulheres conseguiram dominar uma gama de atividades maior e em uma tempo curto históricamente,já os homens ainda estão caminhando muito letamente para isso.
PQ por mais modernas que as famílias sejam, a opção de está só deveria ser só de Homem/Mulher nunca de pai e mãe, mas isso raramente acontece.
O blog tá bombando!!!

Sambalelê disse...

Oi Rafa, muito legal a reflexão sobre a nova reestrututração da família!!!
Acho que apesar da notável modernidade a responsabilidade com o cuidado com os filhos é deixada quase que inteiramente para as mães, o que é muito ruim.
Tenho muitos amigos com filhos, mas são pouco que vejo faltando a trabalho pq tem que ficar com o filho doente ou atender um emergência. Não é defendendo a "classe" não acredito as mulheres conseguiram dominar uma gama de atividades maior e em uma tempo curto históricamente,já os homens ainda estão caminhando muito letamente para isso.
PQ por mais modernas que as famílias sejam, a opção de está só deveria ser só de Homem/Mulher nunca de pai e mãe, mas isso raramente acontece.
O blog tá bombando!!!

valrodrigues disse...

Oi Rafa,
como você sabe ainda não tenho filhos mas só o fato de planejar tê-los já é difícil. Vejo seu esforço no dia-a-dia para criar e educar o Ian e admiro muito. E chega de hipocrisia, a família mudou, como tudo a nossa volta e essa nova família tem que ser apoiada e acolhida como qualquer outra. Parabéns pelo texto.

Unknown disse...

Ola pessoal

Caso interesse

A super Nani estará em Palmas dia 09/01 das 16:00h na Igreja Sara Nossa Terra localizada na quadra 306 SUL próximo a rádio Canção Nova

vlw