Quem me conhece sabe que não sou uma pessoa lá muito romântica. Não gosto de receber flores, não gosto de poesia, surpresas. Não sou do tipo de pessoa que diz “eu te amo” com facilidade, nem caio de amores por uma pessoa por causa de uma frase bonita. Minha grande amiga Emyka, do blog Jardim Navarro, costuma me dizer que sou uma romântica incurável, mais enrustida. Prefiro dizer que mantenho meu romantismo num sistema rígido de controle. Mas, vez ou outra, ele se rebela e quando se rebela…
Esta manhã vi o sinal de fumaça de uma das grandes rebeliões que meu espírito romântico provoca. Fogo nos colchões, gritaria, pichações e tiroteio. Me exigiu ligar o som e ouvir Tânia Alves. Esta é uma que eu ouço quando meu lado “pé na zona” está dominando. Me recusei. Não cedi nas negociações e coloquei no aparelho de som Maria Gadú. Nova geração, mais criativa para expressar e interpretar os mesmos sentimentos.
Depois de colocar o disco, fui em busca da causa da rebelião para poder contê-la. Na verdade, a solidão fez isto. É mais fácil conter a rebelião do meu romantismo quando eu tenho como alimentá-lo, mantê-lo tranquilo.
NA tentativa de apaziguar uma agitação inicial, assisti a uma porção de comédias românticas no fim de semana, o que acabou servindo de estopim para a rebelião que já se deflagrava.
A solidão não costuma me incomodar, não. Sempre me considerei meio auto-suficiente de carinhos e afagos, mas acho que a idade está pegando e aquele tal medo de morrer sozinha está batendo a minha porta.
Aí, vem as letras das músicas de Maria Gadú no meio dos meus pensamentos: “Venha sem chão me ensina a solidão de ser só dois”.
Aliás, quando o romantismo está gritando, eu fico ainda mais perceptiva para as letras de música. Como diria a personagem de Drew Barrymore no filme “Letra e música” (um dos que assisti no fim de semana do estopim) a melodia é sexo, paixão. É o que te pega primeiro. A letra é amor, é cotidiano é a intimidade da música. Da mesma forma que Arnaldo Jabor descreveu amor como prosa e sexo como poesia.
E as letras das músicas da Maria Gadú estão certeiras hoje. Dona Cila, Lounge, Laranja, A História de Lili Braun (que é do Chico Buarque) estão entrando pelos ouvidos e deixando toda a rebelião mais calma. Para acabar com a rebelião de vez, acho que preciso ouvir algo assim em voz masculina, ao vivo, no pé do ouvido.
1 comentários:
Eu sempre soube que vc era uma romântica incurável...rs
Saudades, amiga!
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