Ultimamente, com alguns apertos financeiros (quase rotineiros, aliás) tenho reparado com mais atenção as diferenças entre ricos e pobres. Apesar do propagado aumento da renda do brasileiro médio, dinheiro a mais na conta bancária não tira de nós, pobres, alguns velhos hábitos de sobrevivência.
Falando das diferenças entre as classes, tem algumas que são clássicas, como o tamanho das casas, por exemplo. Entendo porque tem tanto rico sofrendo de solidão. Dá para ficar meses sem ver ninguém da família numa casa de 27 cômodos, com os jardins, playground, piscina, área de churrasqueira, quadra de tênis e de futebol society onde o rico mora com a esposa e o filho único, ou no máximo, um casal de filhos, cercados por um dezena de empregados pobres.
Já o pobre nunca sofrerá deste mal. É todo mundo muito unido. Os cinco filhos dividem felizes o quarto 4 m x4 m com três beliches, sobrando assim um cantinho para a avó (geralmente a mãe da mulher do casal), que dorme na parte de baixo do beliche do caçula. Os 65 metros quadrados de área interna são facilmente duplicados em área de lazer aos sábados e domingos (porque durante a semana serve para secar a roupa do varal), com um churrascão na laje, com direito a piscina de plástico de mil litros e os vizinhos para contribuir com a carne e a cerveja.
O que me faz pensar nas organizações das festas.
A rica, resolve fazer uma reunião íntima com as amigas num domingo à tarde. Pega o seu smartphone:
- Ângela, você tem o telefone da Margareth? Queria o contato do buffet que ela contratou para a última reunião do Clube do Livro, porque tinha um canapé de siri que não pode faltar no nosso encontro de domingo!
A pobre pega o telefone pré-pago:
- Rosicleide, minha filha, liga na Francyelly e diz pra ela trazer fraldinha pro strogonoff, que aprendi um truque que faz a carne ficar igual filé, menina! Aproveita e liga pra Chica e fala pra ela deixar de ser mão de vaca e comprar Martini ao invés de cerveja, porque domingo é pra ser coisa chique! E liga na Jacinta, porque meu crédito tá acabando e diz pra não esquecer o refrigerante dos meninos.
Depois da festa, a rica:
- Nossa, aquele canapé de siri me deu uma indigestão... e agora fiquei com enxaqueca.
A pobre:
- Menina, sei lá que desgraça a Tonha colocou na porra daquela fraudinha pra ela ficar macia daquele jeito, mas sei que o troço me deu um piriri, uma caganeira que me deixou a noite inteira de rainha. E quando consegui sair do vaso, bateu aquela puta dor de cabeça!
E eis que chegamos ao campo da saúde. A rica, com enxaqueca, nem sai de casa. Liga para o médico particular, que vai à sua residência e prescreve drogas de última geração.
A pobre também não se aperta. Toma logo dois analgésicos com Água Rabelo e tá tudo resolvido.
Algumas comparações:
- Rico não tem sarna. Tem escabiose.
- Rico não fica louco. Sofre de transtorno mental.
- Rico não tem preguiça. Sofre de estress.
- Filho de rico não tem vermes. Alguém já ouviu falar que filho de rico tem que tomar "lombrigueiro"? Licor de Cacau Xavier?
- Filho de rico não tem frescura para comer. Tem transtorno alimentar.
4 comentários:
Essa do cel pré-pago me matou de rir. Sou pobre, pobre....rs
Pontp 1 - Stress não tem nada a ver com preguiça.
Ponto 2 - ser rico deve ser um pouco chato.
Ponto 3 - mas ser pobre e estresado é o fim!
kkkkkkkkkkkkkkkk!
Yellows, nesse vc se superou!
Nunca ri tanto com um texto assim!
Mas a sutileza do "Clube do Livro" foi a melhor!
Abração de Goiânia!
Fagner
ótimo!
Postar um comentário