sábado, 9 de agosto de 2008

A noiva de Frankenstein


Lá pelos idos dos anos dois mil e pouquinho, eu era uma pessoa que acampava. Tínhamos uma turma bastante animada que botava o pé na estrada com a mochila nas costas, pedia carona e subia a serra do Lajeado, que enfeita o lado leste de Palmas.

Numa brincadeira de acampamento, no meio da subida mais puxada do caminho, os rapazes do grupo resolveram montar a mulher perfeita a partir de nós, as amigas.

E aí foi. As pernas de fulana, a bunda de cicrana, os peitos de não sei quem.

Até que um amigo me colocou na roda: E o cérebro da Rafaela. Não, não. O cérebro dela não pode, porque a mulher perfeita não pode ser inteligente.

E eu pensei: Putz, o meu único atrativo é um cérebro e que logo é descartado!

Mas, passado o choque de não ter nada muito chamativo na minha aparência, pensei: Peitos e bundas sem cérebro, não funcionam! Então, estou muito bem com meus peitos , bunda, pernas, boca, rosto que não são feios nem extremamente atraentes, mas que fazem um conjunto perfeito com o meu cérebro e são muito bem usados.


sábado, 2 de agosto de 2008

Crianças também teorizam regras


Depois de meu longo período dividindo casa, sendo abrigada na casa de amigos e coisas afins, finalmente, tenho minha casa. Assim, não totalmente minha, divido a casa com a minha irmã mais nova. Mas ela quase que não fica aqui. É uma mulher esforçada, moderna e compromissada. Faz faculdade em uma cidade próxima pela manhã, trabalha no estágio à tarde, aqui em Palmas e estuda num cursinho à noite, para tentar entrar pra medicina. Além disso é noiva e passa mais tempo na casa do noivo que aqui. Enfim, eu praticamente moro sozinha com o Ian, meu filho de cinco anos.

Desta forma, resolvi colocar em prática um sonho antigo, da minha época semi-hippie e praticar o naturismo dentro de casa. Mas lógico. Achei um censor. Mesmo nunca tendo contado para ele que ficar nu fosse certo ou errado, o Ian mesmo já produziu suas próprias regras.

Aí, um lindo dia eu, no computador, passeando pela internet, chega meu censor: "Mamãe, você não pode ficar pelada em casa, porque a "sencidade(?!)" dos adultos é diferente das crianças. Se você fica pelada, sua régua quebra".

Sencidade?! Régua?!

Não sei o que ele quis dizer com estas palavras. Mas botei fé no uso de neologismo para defender e argumentar a favor de seu ponto de vista. Julguei que sencidade fosse sensibilidade e régua, fosse regra. Mas ele conhece as palavras sensibilidade e regra. Então, não havia como fazer confusão. Perguntei o que significava sencidade. Ele, em toda sua sabedoria infantil, disse: Sencidade, oras!

Então tá, né?

Tela do artista plástico colombiano, Fernando Botero