quarta-feira, 30 de março de 2011

Boca maldita




Não. Não vou falar das fofoqueiras de plantão, nem de quem usa e abusa dos palavrões. O tema hoje é saúde.

Lá no segundo grau, nas aulas de biologia, meus professores alertam dos riscos das bactérias que a gente encontra na boca das pessoas. A gente faz piadinha na sala de aula, anota a matéria no caderno, faz a prova respondendo corretamente as perguntas, mas pára por aí. Ninguém aplica na prática o que ouve nestas aulas. Ainda mais adolescente, querendo beijar tudo e todos, faz questão de ignorar.

Daí, eu, recém adolescente que voltou pra faculdade e está tentando tirar carteira de motorista, estava na aula teórica do Detran, estudando primeiros socorros. Eis que a professora entra no tema respiração boca-a-boca:

- Claro que pra fazer um boca-a-boca em uma pessoa acidentada, que você não conhece, não sabe o histórico médico, exige coragem, mas você não é obrigado a fazer nada que atente contra a sua saúde.

Fiquei assim, meio boquiaberta. A sala tinha praticamente só adolescente de 18 anos. Duvido que eles pegavam o histórico médico no meio da boate. Falei logo:

Dica: Não enfie qualquer coisa na boca
- Professora, o risco de fazer boca-a-boca em um acidentado é o mesmo de beijar qualquer um na balada. E ninguém pede histórico médico na balada pra beijar. Duvido que está pensando nisto quando beijar alguém e nem vai estar salvando nenhuma vida.

Não acreditei que a professora estava mesmo incentivando aqueles meninos a não salvar alguém por causa de bactérias que causam dor de garganta.

Mas aí, veio o meu carnaval deste ano. Um carnaval em que quebrei alguns preconceitos meus. Corri atrás do trio, dancei axé à exaustão e.... beijei muito. Muito mesmo. Quase perdi a língua, literalmente, com um louco que resolveu morder minha língua ao ponto de sangrar (ô, exagero).

Resultado do fim do carnaval: fiquei completamente afônica. Achei que fosse só por gritar muito no meio do barulho do trio, mas logo veio uma infecção de garganta histórica, duas semanas pra curar e ainda não está 100%. O médico fez exame e encontrou mais bactéria que em laboratório clínico.

Tá, isto não vai me impedir de fazer um boca-a-boca para salvar alguém e nem sair pedindo histórico médico na balada. Mas enquanto a civilização não está muito paranóica ao ponto de inventar uma camisinha de boca, acho que posso manter os beijos mais restritos.